quinta-feira, 28 de junho de 2007

hyatt e outras lâmpadas

Minha amiga Giana está doente há semanas. Não é sério, é uma gripe que não passa. Mas, como ela é cantora e vive de cantar quase todos os dias, virou um problemão. Faz duas semanas que eu canto no lugar dela, às quartas feiras, no Upstairs Lounge do Hotel Hyatt. Para mim é ótimo, o lugar é lindo e o trampo é leve: eu só preciso chegar, abrir minha pasta de standards e cantar - com o Michi, ainda por cima, que é um excelente violonista. Eu me divirto, ela se recupera, estamos todos felizes.

Os clientes do Upstairs são, mainly, egressos do mundo fashion. Não sei o porque, semana passada eu achei que era uma rebarba do Fashion Week. Mas hoje ainda via pessoas com jeito de modelos e pessoas com jeito de designers e até reconheci o dono da Osklen (que eu adoro, inclusive, mas nunca comprei nada lá porque é caro). Estes clientes, que ficam circulando pelo restaurante/bar, são ultracool e não perdem tempo aplaudindo as músicas. Às vezes eles cruzam acidentalmente o olhar com os músicos, normalmente quando estão procurando o banheiro.

Os estrangeiros costumam aplaudir sempre que tocamos Djavan e outras coisas mais ritmadas. Hoje, dois Jorge Benjor e um Gilberto Gil foram muito aplaudidos.

O gerente do hotel gosta que toquemos jazz e bossa nova.

Meu marido foi às duas noites que cantei e levou seus amigos do escritório. Eles ficam ali bebendo cerveja Erdinger e curtindo as músicas. Gostam especialmente dos blues e dos swings mais acelerados. É uma boa platéia. Sincera e interessada.
...




Fui beber na Vila Madalena, ontem à noite. Fazia tempo que não ia. É quase como viajar. Na mesa ao lado, cinco garotas de saia de florzinha.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Realeza

Gregório chutou o balde: entrou no Emporio Armani e saiu com um terno de 6000 reais. Chegou no escritório, na segunda feira, com outros ventos. Ninguém precisava saber que assumira dez salgadas prestações (600 reais, sem juros, no cartão). Era um vencedor.

Wilmar chegou-se muito acanhadamente para o colega. Nem um mês tinha passado do dia em que Gregório fizera sua entrada triunfal pelo corredor e acomodara-se na baia com a realeza do terno novo. De gerente para gerente, o primeiro cumprimentou:
- Beleza, Greg?
Sem desviar os olhos do laptop, Gregório assentiu com a cabeça. Wilmar continuou:
- Meu, vim te pedir um favor de irmão.
- Manda.

A história era até simples. Wilmar seria padrinho de um casamento importante dali a uma semana, a cerimônia era num buffet no Morumbi e ele não tinha um terno à altura da festa. Tinha duas opções: ou pegava um empréstimo no banco para comprar uma roupa nova, ou...

- O meu Armani? - reagiu Gregório, quase violentamente.
- É só para o fim de semana, eu mando para a lavanderia, devolvo novo, nem vou beber na festa para não espirrar nada.
- Puta que o pariu, meu...
- Você quer, eu pago pelo aluguel.
- Não, não... - respirou fundo - Tudo bem. Eu te empresto. É só um terno, afinal. Mas cuida bem dele, cara.
- Claro, claro - Wilmar parecia remoçado de alívio.

Passou o final de semana, chegou a segunda feira e Gregório não encontrou o colega no escritório. Terça feira, final da tarde, perguntou de Wilmar para a garota do RH.

- Ah, o Wilmar, menino. Coisa fulminante. Nem deu tempo de avisar todo o pessoal do escritório. Você era amigo dele? O enterro é hoje à tarde, acho que você ainda pega o velório.

Como explicar que mal conhecia o falecido mas que ele lhe devia um terno caríssimo?

Sem saber o que estava fazendo, desabalou-se em meros 40min para o Cemitério da Consolação. Entrou na capela do velório ainda ensaiando o que diria para a família, quando enxergou o caixão, com Wilmar ali dentro, descansando na realeza de um Armani legítimo.

segunda-feira, 18 de junho de 2007


então...

Sabe o que o rato falou quando pisou no pé do outro?

- Desculpa, foi mouse, aí.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

por que preciso tomar café

Conversando no café do Felipe, com o próprio, bla, bla, bla e ele está falando dos filhos. Então ele pergunta:
- Você tem filhos?
- Não - respondo.
- Filhos...
Mexo o café com a colherzinha de plástico e deixo-o continuar.
- É uma paixão - ele diz - A maior de todas.
Faço que sim com a cabeça, como se soubesse ou entendesse. Felipe sorri e repete:
- A gente morre quando eles nascem.


Estas conversas nunca acontecem com suco de abacaxi.

terça-feira, 12 de junho de 2007

the best love songs ever

When I'm 64
(lennon/mc cartney)

When I get older losing my hair,
Many years from now.
Will you still be sending me a Valentine.
Birthday greetings bottle of wine.
If I'd been out till quarter to three.
Would you lock the door.
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four.

You'll be older too,
And if you say the word,
I could stay with you.

I could be handy, mending a fuse
When your lights ha ve gone.
You can knit a sweater by the fireside
Sunday morning go for a ride,
Doing the garden, digging the weeds,
Who could ask for more.
Will you still need me,
will you still feed me
When I'm sixty-four.

Every summer we can rent a cottage,
In the Isle of Wight, if it's not too dear
We shall scrimp and save
Grandchildren on your knee
Vera, Chuck & Dave

Send me a postcard, drop me a line,
Stating point of view.
Indicate precisely what you mean to say
Yours sincerely wasting away.
Give me your answer, fill in a form
Mine for evermore.
Will you still need me, will you still feed me
When I'm sixty-four.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente









Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

Pablo Neruda

sábado, 9 de junho de 2007

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Twilight zone no Metrô Ana Rosa

O trem aproximou-se como se ainda tivesse mil anos para cumprir. Estancou na estação com um suspiro doloroso. Fosse um cachorro, seria a hora em que abriria as quatro patas e cairia de barriga no chão. Era um trem. Uivou, tossiu e parou com as portas fechadas.

Os passageiros parados na plataforma, já muito adiantados da linha de embarque amarela, viram-se obrigados a recuar e dissimular o ligeiro desequilíbrio que o impulso frustrado de embarcar provocava.

Um silêncio de dois ou três minutos, onde ninguém olhava para ninguém e todos olhavam para os lados, esperando uma explicação. De repente, o trem recomeçou a andar para trás, de onde viera. Os vagões completamente vazios. A cabine do condutor vazia. Em segundos, desapareceu.

No meu ipod, a música que acabara de tocar recomeçou. Olhei para o relógio da estação. O ponteiro se mexeu. Chegou outro trem, carregado de passageiros. A vida seguiu.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

o death, where is thy sting?

Tevê a cabo, tevê paga:
No Multishow, um especial com o cantor e compositor Buchecha.

No GNT Fashion, um especial sobre a moda no casamento de Wanessa Camargo. Com direito a clipes da mina e fotos dos padrinhos. A Lilian Pacce entrevista a noiva e pede para ela definir seu estilo atual.

Yaun (bocejo).