segunda-feira, 30 de março de 2009

a minha companhia


Às segundas feiras um coral ensaia aqui ao lado de casa. É o coral da faculdade de Belas Artes, ou o coral da Escola de Marketing, tanto faz, é igualmente simples e reconfortante.


Segunda feira é um dia que passo em silêncio, acomodando as idéias, escrevendo; às vezes letárgica, bebendo café a tarde inteira; às vezes lendo revistas e websites ao mesmo tempo e vendo filmes reprisados na TNT.


Tenho idéias antigas às segundas feiras. As idéias novas vêm durante a semana (uso a velha acentuação na segunda feira).


O coral aquece a voz em escalas de cinco notas ascendentes e descendentes. A ordem e a familiaridade do exercício me acalma. Me faz entender onde está a minha casa.


Varrida que estou - não tão cansada, mas confusa - a ordem das vozes me alinha, piedosamente, o espírito. Sem que nenhum tenor perceba, sem que nenhuma contralto se dê conta por achada, estou menos só do que estava há meia hora atrás. A voz deles me acordou para mim.




quinta-feira, 26 de março de 2009

who watches the watchmen? i do


Tentarei ser breve sobre Watchmen, o filme de Zack Snyder baseado nos quadrinhos de Alan Moore e Dave Gibbons.


Sou uma das fãs da graphic novel original, e por fã vocês fiquem à vontade para imaginar uma pessoa que levava estes quadrinhos consigo, na bolsa da escola, até a hora de dormir. Eu sei de memória o diálogo de Marte entre Dr. Mannhattan e a Júpiter/Laurie e não me orgulho disto.


Portanto, quando digo que gostei da maior parte da adaptação para o cinema, é porque realmente acho que o Zack Snyder foi certeiro na caracterização dos personagens e na transposição da história... até o desenlace, que foi a coisa mais chunchada* que ele poderia ter escrito.

Tudo bem que para contar a historia original teria que ser um filme da metragem do Senhor dos Anéis. Mas a solução que ele encontrou ficou confusa para quem não conhece a história original e decepcionante para quem leu a revista.

Ele retoma o epílogo original, mas aí as coisas não têm tanto sentido. Enfim. Acreditem ou não, o filme continua sendo bem assistível, mesmo com um final imposto a fórceps. O elenco está bem bacana, adorei a trilha sonora e amei o Rorschach e o Comediante.



*chuncho: palavra egressa da minha adolescência, quer dizer coisa mal-feita, arremedo, farsa.

antes e depois


Segunda feira fui ao teatro ver A Alma Imoral, com Clarice Niskier.

Pronto, falei bem rápido, pra não elaborar.

Na verdade, fui na segunda retrasada. Estou processando desde então. Até peguei um livro emprestado com uma colega, atriz, escrito pelo mesmo autor da peça, o rabino Nilton Bonder. O livro é bem complicado. Leio e solto "ahs" muito tempo depois. Às vezes é só no dia seguinte que a ficha cai.

A peça é bem mais direta, pois acessa o espectador pela imagem, pelo som, pela interpretação magnífica da atriz Clarice Niskier. E ainda assim, é bastante densa, pois, como a própria atriz adverte no início: "nao tem ação dramática, a não ser isto tudo que está acontecendo aqui dentro de mim enquanto eu leio o livro".


Aos habitantes e passantes por São Paulo, minha sugestão fica: a peça está em cartaz às segundas e terças feiras no teatro Eva Herz.

quinta-feira, 19 de março de 2009

ladeira acima e avante

Dezembro passado fiz um show - lindo - numa casa aqui em São Paulo chamada Casa de Francisca. O show foi um sucesso em todos os aspectos: foi bonito, lotou a casa e pagou todo mundo, deu até um lucrinho.

Este ano procuramos a casa para repetir o show. Para nossa surpresa, descobrimos que não havia interesse em agendar outra data. Depois de alguma insistência - e eu estava muito intrigada, então fui bem insistente - o dono abriu o jogo: não gostou do meu público. Nas palavras dele, a casa "não teve afinidade com o público que foi ao show". Para ficar mais simples: a casa não quer ficar associada ao público de teatro - ou gay.

Bom, por um lado a casa é dele, ele recebe e desrecebe quem ele quiser. Se ele quiser colocar uma tabuleta dizendo: "aqui não entram ruivos, nem anões", também pode. Também pode ser processado por discriminação, é verdade. Mas ele não botou a tabuleta. Só procurou evitar que eu voltasse a cantar lá e meus amigos fossem me assistir. Vai que eles começam a, sei lá, dançar Dancing Queen em cima das mesas, gritar e tirar a camisa?

Alguém pode perguntar: "Mas ele viu o show?" Pois é, não viu. No dia, com a casa bombando de gente, ele deixou tudo na mão da gerente e vazou. Pelo jeito, isto é detalhe, mesmo.

Tanto caminho pela frente.

domingo, 15 de março de 2009

e agora...


camarins da Noviça Rebelde, em São Paulo

sexta-feira, 13 de março de 2009

burritos selvagens


burritos selvagens, upload feito originalmente por anna0170.

los burritos perditos
se extraviaron por el deserto
pero les gusta el sal

llamita


llamitas_ (1), upload feito originalmente por anna0170.

pela estrada afora eu vou bem sozinha

Flickr

This is a test post from flickr, a fancy photo sharing thing.

constelação

Um dos motivos que me levou ao deserto foi a perspectiva de ver o céu à noite. Devo dizer, as estrelas não me falharam. Ganhei até estrelas cadentes para guardar na lembrança.

Contei o nome do nosso guia no deserto? Jesus.

...

Cheguei e já fui engolfada pelos ensaios, pela enxaqueca (foram oito dias, ao todo), pelo calor e já vamos estrear o espetáculo neste final de semana. Não tem muito o que pensar.

Hoje, voltando para casa, uma das minhas colegas comentou: "viu a lua? está cheia". Pensei que era a primeira vez que eu olhava o céu depois que tinha voltado de viagem.

Minhas memórias, meus sonhos, minha constelação particular.

sábado, 7 de março de 2009

um tigre triste

Exausta. Quatro dias de enxaqueca. O calor, talvez - não tem outro assunto? Ou isso, mais o calor, mais esta tendência humana, ainda bem, que temos de nos apegar a dados e à análise, num momento em que o pânico parece iminente:

- Viu que o calor foi recorde? A última vez que fez calor assim em março foi em 1943.
- É mesmo. A temperatura está em média seis graus mais alta do que no verão passado.
- Puxa. Incrível o aquecimento global, não?

Estou derrotada. Combalida pelo sol inclemente. Outra manhã tive que ir ao banco, atordoada. Olhei para o teclado do caixa eletrônico como se fosse um perfeito desconhecido: "Eu te conheço?" Atrás de mim, percebi um desconforto e uma leve agitação. Ignorei a fila e continuei olhando para o teclado, tentando reconhecer nele algum traço de familiariedade: talvez, se eu começar pelo 5. Não. 2? Xi.

- Senhora? - a atendende se aproximou - Precisa de ajuda?

Eu não queria dizer alto. As pessoas estavam me olhando. Pior, estavam impacientes. Murmurei para a atendente:

- Esqueci minha senha.
- Senhora, - a mocinha continuou, num tom impiedosamente neutro - a senhora pode tentar duas vezes, na terceira a máquina bloqueará seu cartão.
- Tudo bem - eu disse, muito cansada - Eu vou pra casa.


Incrível, o aquecimento global.

sexta-feira, 6 de março de 2009

constatação

(...após acompanhar a programação recente nos jornais)

Quando você se perguntar: "que fim levou tal banda?"*
É porque nos próximos meses ela estará tocando no Via Funchal ou no Credicard Hall .







*assim, por exemplo, uma banda que acabou há 15 anos atrás, tipo, o Simply Red, ou o Depeche Mode, ou o B52, ou sei lá... quer ver? Sade?! Lisa Stansfield?! Por que não o Erasure?