quarta-feira, 6 de junho de 2007

Twilight zone no Metrô Ana Rosa

O trem aproximou-se como se ainda tivesse mil anos para cumprir. Estancou na estação com um suspiro doloroso. Fosse um cachorro, seria a hora em que abriria as quatro patas e cairia de barriga no chão. Era um trem. Uivou, tossiu e parou com as portas fechadas.

Os passageiros parados na plataforma, já muito adiantados da linha de embarque amarela, viram-se obrigados a recuar e dissimular o ligeiro desequilíbrio que o impulso frustrado de embarcar provocava.

Um silêncio de dois ou três minutos, onde ninguém olhava para ninguém e todos olhavam para os lados, esperando uma explicação. De repente, o trem recomeçou a andar para trás, de onde viera. Os vagões completamente vazios. A cabine do condutor vazia. Em segundos, desapareceu.

No meu ipod, a música que acabara de tocar recomeçou. Olhei para o relógio da estação. O ponteiro se mexeu. Chegou outro trem, carregado de passageiros. A vida seguiu.

Nenhum comentário: