sexta-feira, 10 de agosto de 2007

são paulo não pode parar

Acho que disseram isto bem antes de eu nascer. É uma frase repetida com o peso e a conformação de uma verdade. Provoca diversas brincadeiras e paráfrases - a Regina Casé, por exemplo, disse que "São Paulo não pode parar porque não tem estacionamento" (ahahaha) - mas nenhum tipo de indignação, nenhuma revolta diante desta inquietude urbana (?!) que não deixa um cantinho sossegado.

Pois estou querendo que pare. Só um pouco. Só em alguns lugares, um de cada vez. Mas pare um pouquinho, respire. Não aguento mais prédio brotando onde havia um prédio menor, que foi construído no terreno daquela casa que foi demolida pra virar estacionamento, buraco onde havia rua que foi interditada pra passar o metrô novo, calçada de concreto onde havia calçada de pedrinha, asfalto em cima de asfalto e, para tudo acontecer, desvios de trânsito, britadeiras, tratores nas ruas, bate-estacas. Dá pra ficar só um pouquinho, só um pouquinho, dois minutos, conta até dez... só um pouquinho parado?

E a tudo isto, os ipês florescem completamente amarelos.

2 comentários:

thais cavalcanti disse...

as vezes também tenho essa sensação... 10 minutinhos.. podia, né?! tenho a impressão de ter saído direto de "um dia de fúria". sorte a minha não ter o mesmo instinto violento do michael douglas. hahahaha

suzana disse...

Isto é poesia em prosa.