segunda-feira, 3 de setembro de 2007

bem-casados

Sábado para domingo. Quase três da manhã. Assisto - pela segunda ou terceira vez - a sexta temporada de Sex and the City no dvd, brigando com o sono, feito criança manhosa que reluta em ir pra cama. Modelo pijamão, óculos e meia furada no dedinho.

Ruído de chave na porta da frente. Marcel vem entrando de smoking, carregando a guitarra e o amplificador. Até aí, nada de assustador, a não ser as vozes que vêm atrás - eu disse vozes, no plural. O eco anasalado denuncia o idioma gringo. Marcel dá um sorriso amarelo e diz:

- Babe, tá todo mundo aqui.

E antes que eu consiga dizer "motherfucking cow", entram cinco pessoas de black tie na minha casa. Três caras e duas minas. Cogito brevemente a hipótese de vestir uma roupa, pentear o cabelo, sei lá, colocar as lentes de contato. Acabo deixando pra lá, afinal, eles devem estar loucos o suficiente para não se incomodar com uma mina de pijama no meio da festa deles.

Um dos caras, Tufus, um negão magrinho, parecido com o Eric Bené, de dread locks e tudo, abre o piano e começa a tocar animadamente. Chris, o baterista, outro negão, mais alto e mais estiloso (smoking, chapéu e lenço de bolinha na cabeça), sorri: "puxa, desculpe a invasão", ao mesmo tempo que batuca na tampa do piano. A Gwen, uma negra magra de 1,90, vestido vermelho e cabelos compridos, que dá até pra chamar de "velha conhecida" (já nos esbarramos várias vezes em Boston e aqui) está encantada com os gatos e fala sem parar no quanto sente falta do seu próprio gato, que deixou na casa da mãe para vir ao Brasil. Me abraça, alisa meu braço e diz "Ai, você está usando algodão, que inveja!" Ally, a outra mina, é bem novinha, tipo uns 20 anos. Tem o cabelo tricolor(loiro, branco e vermelho), pele muito branca, é rolicinha e usa um vestido verde-água. Não podia pensar em nada mais americano. Me abraça horrores (entorta meus óculos) e me chama de "my fellow berkleean". Nunca nos vimos antes. Ela olha os quadros da sala e adora todos. Conto que são do meu irmão e ela adora mais ainda. Parece que tenho três rádios ligados no volume máximo. Ou quatro, se contar o Marcel, que também está excitadíssimo e não pára de andar de um lado pro outro na sala, sem saber exatamente o que fazer com tanta gente tão animada, nem como me explicar 1) o que todo mundo veio fazer ali; 2) como ele pode ter esquecido de me trazer os bem-casados da festa onde tocavam, antes.

Jotinha, o outro brasileiro da banda, abre o case do contrabaixo e tira uns docinhos:

- Tó, pra você - me entrega dois embrulhinhos em cambraia azul e fita de veludo. Sorri pro Marcel, "Limpei tua barra", e explica - Minha mulher não deixa nem eu entrar em casa se esquecer os bem-casados, então eu peguei um monte.

- Alguém quer um café? - pergunto. Ninguém quer café e eu não sou louca de oferecer vinho ou vodca - Um suco?

Perto de quatro e meia da manhã estão todos com fome e o Marcel decide levá-los ao Joakin's. Ouço, de dentro de casa, a longa discussão sobre quem deve entrar primeiro no carro, até que eles partem. Agora vou dormir. Domingo vou pro trabalho às 13h.

Sonho que estou passeando de pijama no Shopping Morumbi.

Um comentário:

Teosofia Liberdade disse...

Bem Casados Cissa

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