quarta-feira, 19 de setembro de 2007

it's about time! (ou: já não era sem tempo!)

O Grande Chefe, do Lars Von Trier, acaba sendo um filme muito interessante. Na real, é um filme muito incômodo de assistir, eu quase saí do cinema diversas vezes, entre incomodada e aborrecida.

Lars Von Trier já produziu marcos de crueldade, como Dançando no Escuro, Dogville, Europa, diz aí. Em "O Grande Chefe", no entanto, ele não escapa de ser cruel, mas a sua chave é o humor vindo do ridículo, do que a gente chama de "vergonha alheia". Então, como não poderia deixar de ser, é um filme incômodo.

Só que o roteiro é brilhante, excelente, ótimo. Os diálogos são excelentes. Qualquer bom diretor, com a mão leve, faria deste mesmíssimo roteiro, sem alterar qualquer linha, uma comédia estapafúrdia, daquelas que se vê várias vezes, rindo cada vez mais. Não é o caso. A opção do Von Trier é a de incomodar pelo riso nervoso, usando o tempo real (com uma edição sem truque nenhum, os cortes estalam na nossa cara) e a falta de graça e/ou carisma especial dos personagens como aliados.

O cara é um virtuose, sem dúvida, e já o provou em todos os seus filmes anteriores. Aliás, acho que o cinema do Von Trier é sempre um exercício virtuosístico da narrativa, depois vem a alma, se é que ele acredita nestas bobagens. Sabe lá como pensam estes nórdicos.

Saí do cinema um tanto aborrecida, como quase sempre saio dos filmes dele (mas continuo indo ver, pois é), pensando nas maravilhas que o Woody Allen faria com este mesmo roteiro.

2 comentários:

thais cavalcanti disse...

eeee. tava com saudade dos teus comentários de cinema. // mas então. eu ainda não decidi se gosto ou não do lars (sente a intimidade). sei que todo filme que eu vejo dele eu fico com o nó no estômago e ainda não decidi se isso é bom ou ruim. quero ver esse novo, mas (as usual) acho que vou ter que esperar sair em dvd.

Anna Toledo disse...

Pois é, eu acho o Lars Von Trier um tipo abominável, narcisista, manipulador e cruel. Acontece que além disto, ele é um puta cineasta, que ampliou os limites narrativos em vários gêneros. Dogville, por exemplo, é uma coisa primorosa. Já Dançando no Escuro é uma das coisas mais cruéis e manipuladoras que já assisti.