sexta-feira, 7 de março de 2008

sobre a natureza de uma polaróide*

A expressão polaróide esvaziou-se.

A marca Polaroid servia para identificar uma foto obtida instantaneamente. Normalmente, uma foto inesperada, com qualidade inferior, compensada pelo resultado imediato. Como não havia outra marca de máquina fotográfica instantânea no mercado - ou porque a Polaroid dominou o recall - este tipo de foto ficou conhecida como uma polaróide.

Hoje todas as fotos - digitais - são instantâneas, inclusive as feitas em estúdio, ensaiadíssimas, iluminadíssimas, as mais preparadas. E, ao contrário das polaróides, cujo papel fotográfico era caro e esgotável, estas fotos podem ser descartadas e/ou refeitas, quantas vezes os fotógrafos e fotografados assim o desejarem. A foto digital é mais rarefeita e ainda mais fugaz do que a polaróide. Mas a expressão - polaróide - como metáfora, perdura.

Hoje, o que seria uma polaróide? Metáfora para crônica? Fragmento de um cotidiano que pode ou não revelar (arrá!) uma vida?

A nova tecnologia exige uma metáfora operante, ou então.

Um comentário:

Nara disse...

bom, muito bom, isso que vc falou,
me fez lembrar dos quadros que o oswald de andrade faz em - memórias sentimentais de joão miramar.

e tem um cara que fala muito sobre isso, o filósofo alemão (ele morou muito tempo no brasil, então a versão em portugues de seus livros foi escrita por ele): villen flusser, o livro dele disponível na net é - a filosofia da caixa preta, e tem outro que a cosac&naif lançou: mundo codificado.

blá,
bem bons
[nara]