terça-feira, 19 de maio de 2009

Papelaria e Copiadora*


Bob foi até o balcão do xerox, com seus livros e uma pasta de papéis. A balconista aproximou-se. Usava um bottom amarelo, grudado à altura do peito. Bob abriu um sorriso, lendo a inscrição no broche:

- Bom dia, Jussara.

Ela pareceu surpresa. Devolveu a saudação com um aceno de cabeça. Bob continuou:

- Jussara, você pode fazer cópia para mim deste material aqui? Não precisa ser frente e verso. E o livro é só o capítulo 8.
- Só um minuto.

A tal Jussara sumiu para o fundo da loja, carregando o material a ser copiado. Bob escutou algumas vozes e, dali a pouco, outra balconista veio. Esta usava óculos - e o mesmo bottom no casaco.

- Senhor? Nós não fazemos cópia de livros.

Bob olhou para o broche com o nome da atendente. Puxa! Que coincidência! Engrenou o sorriso e insistiu:

- Olá, Jussara, tudo bem? Veja só, eu não estou pedindo para copiar o livro inteiro. É apenas um capítulo.

A balconista estava levemente intrigada. Parecia incomodada. Sacudiu a cabeça e disse:

- Senhor, não podemos copiar nenhuma parte de livro. Se quiser, faço as cópias dos outros documentos. Fica oito reais.

Bob foi até o caixa, resignado. Desapontado com a frieza e a impessoalidade dos paulistanos. Abriu a carteira, estendeu uma nota de dez. Ao pegar o troco com o rapaz, olhou o nome escrito no seu bottom amarelo: Jussara.


Papelaria Jussara. O nome estava na placa, virada para a rua. Bob não voltou mais lá.




*como me foi contada pelo próprio Bob, meu amigo goiano-parisiense

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