
Bob foi até o balcão do xerox, com seus livros e uma pasta de papéis. A balconista aproximou-se. Usava um bottom amarelo, grudado à altura do peito. Bob abriu um sorriso, lendo a inscrição no broche:
- Bom dia, Jussara.
Ela pareceu surpresa. Devolveu a saudação com um aceno de cabeça. Bob continuou:
- Jussara, você pode fazer cópia para mim deste material aqui? Não precisa ser frente e verso. E o livro é só o capítulo 8.
- Só um minuto.
A tal Jussara sumiu para o fundo da loja, carregando o material a ser copiado. Bob escutou algumas vozes e, dali a pouco, outra balconista veio. Esta usava óculos - e o mesmo bottom no casaco.
- Senhor? Nós não fazemos cópia de livros.
Bob olhou para o broche com o nome da atendente. Puxa! Que coincidência! Engrenou o sorriso e insistiu:
- Olá, Jussara, tudo bem? Veja só, eu não estou pedindo para copiar o livro inteiro. É apenas um capítulo.
A balconista estava levemente intrigada. Parecia incomodada. Sacudiu a cabeça e disse:
- Senhor, não podemos copiar nenhuma parte de livro. Se quiser, faço as cópias dos outros documentos. Fica oito reais.
Bob foi até o caixa, resignado. Desapontado com a frieza e a impessoalidade dos paulistanos. Abriu a carteira, estendeu uma nota de dez. Ao pegar o troco com o rapaz, olhou o nome escrito no seu bottom amarelo: Jussara.
Papelaria Jussara. O nome estava na placa, virada para a rua. Bob não voltou mais lá.
*como me foi contada pelo próprio Bob, meu amigo goiano-parisiense
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