terça-feira, 9 de setembro de 2008

boa vontade

Tenho muita vontade de gostar de filmes brasileiros. O desembaraço das legendas permite que eu veja melhor todo o quadro, ouça melhor a música, acompanhe a narrativa sem maiores filtros e obstáculos. E a língua, ah, que língua bonita. Não deixa de ter um gosto especial assistir uma história contada na nossa própria língua, com cenários reconhecíveis, rostos parecidos com os nossos. Às vezes a gente ri à toa, só de ver alguém parecido com um vizinho ou um tio.

Então a minha boa vontade está instalada. De resto, a minha exigência de público é a mesma: dêem-me uma história compreensível, inteligente, coerente e, de preferência, emocionante. Mas vamo aí, não tem muita receita, pode ser documentário ou comédia romântica.



Neste pique, fui assistir Os Desafinados, do Walter Lima Jr. Torci até o final pelo filme, mas não teve jeito, o bicho é fraquinho mesmo. O roteiro não se entende, os personagens são frágeis - digamos que sofrem de uma certa clareza existencial: até o final do filme eu não sabia o que eles estavam fazendo ali, nem o que eles queriam da vida. Quem resgata o filme da chatice absoluta são alguns bravos atores, a saber: Rodrigo Santoro, Claudia Abreu, Alessandra Negrini, aquele menino que fala engraçado - Selton Mello - e o ator que faz o baterista, André Moraes, que é um tipo carismático e em quem eu acreditei. A história não tem pé nem cabeça, apesar de se basear em várias passagens reais. O final apresenta um lapso temporal seriíssimo, que pelo jeito só teve importância para mim, pois fui a única que se incomodou com o fato de uma criança concebida nos anos 70 ter 20 anos em 2008. Mas dentro da fragilidade do filme, isto acaba mesmo tendo pouca importância. O mais complicado é que o filme falha em contar uma história compreensível e falha, portanto, em emocionar seu público, que era seu objetivo mais claro.

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