domingo, 23 de novembro de 2008

Deixa a vida me levaaaaar

E num laivo de ecletismo, fui assistir ao show do Zeca Pagodinho no Credicard Hall.

Os ingressos desembocaram em nós depois de um caminho tortuoso: meu sogro havia participado de alguma promoção do Citibank para ganhar outra coisa e acabou ganhando dois ingressos para o show do Zeca Pagodinho. Minha sogra não era a fim de ir e ele não podia devolver nem trocar.

Perguntou se conhecíamos alguém que queria ir ao show. Num impulso, falei "Eu nunca fui num show do Zeca Pagodinho!" E pronto, estava feito.

O apedrejamento moral a que fomos submetidos pelos nossos amigos nos dias que precederam o show - sob forma de chacota, claro, mas também sob forma de cobrança indignada - só acabou por confirmar nosso desejo de ir e ter a experiência. Iríamos gastar com o estacionamento e, se fosse muito ruim, sairíamos na terceira música, foi o trato. Eu gosto de samba, é fato, e sou uma curiosa da estrutura dos grandes shows. O Marcel gosta de música e também é fascinado por estrutura de entretenimento. Queríamos ver como é que o cara fazia. Afinal, era um show de samba para 3000 pessoas.

Fomos e foi sensacional. Dezoito pessoas na banda - percussionistas, seção de cordas, metais, madeiras e três vocais (duas "pastoras" e um vocal masculino). Luz bonita, cenário bonito. O Zeca, um entertainer de primeira, simpático pacas, bebendo (muito) entre as canções e falando pouco. Muito suingado, muito divertido. E o público em estado de graça, cantando tudo, batendo palma no ritmo, completamente contagiante.

Foram duas horas em que ele cantou quase ininterruptamente (parando para beber), deixando tudo com cara de roda de samba, ao mesmo tempo com sofisticação e limpeza musical, tudo muito profissional, tudo beeeem azeitadinho. As músicas em geral eram boas - acho que me aborreci com uma ou duas. Teve Velha Guarda da Portela, teve choro, teve um monte de sambas que eu conhecia de rodas de sambas imemoriais. E teve o "Descobri que te amo demaaaais..." e o "Vai Vadiaaaaar", que eu resolvi achar sensacional de ontem em diante, depois de ouví-lo entoado por três mil vozes felizes.

Um comentário:

st denis disse...

Uma delícia de postagem, Anna. Quase dancei junto com o texto. Valeu! Curiosidade é dom, né não? Bom ter compromisso com ela. Me lembrei do que vc disse há alguns anos, qdo vimos Celine Imbert no Guairão, vc era adolescente e comentou qquer coisa como "... se eu não tivesse assistido, tava tudo bem, minha vida seguiria bacana como 'tava. Mas ter vindo fez uma baita diferença, mudou meu mundo p frente." Pois é, trata-se disto, ampliar, ficar maior de grande. Sem pressas.