
Tive uma noite ruim. O dia amanheceu e eu já perdia o sono. Já que era assim, pus a roupa de ginástica e fui pro primeiro horário da aula de ioga, lá em Pinheiros.
Cheguei cedo e não tinha ninguém (minha professora dá aulas em casa). A porta estava aberta, entrei, chamei, nada. Dali a pouco ela saiu, pela porta da cozinha, com o rosto inchado de choro.
- Meu gato pulou.
Imediatamente entendi que ele tinha pulado da janela do quarto andar do apartamento. A próxima pergunta era:
- Está vivo?
- Acabei de pegar ele lá embaixo, não sei o que fazer.
Fui olhar o bichano. Vivíssimo, o cretino. Mancava, pra dizer muito, de uma das patas. Mas só se a gente prestasse muita atenção. Pelo miado, estava só assustado.
- O que eu faço? – ela me perguntou.
- Se quiser ter certeza, leve num veterinário – respondi – Mas ele não quebrou nada, nem bateu nada. Se não, não estava aqui puxando conversa.
Fomos para a sala de prática. Minha professora pediu para eu cantar o mantra ritual de início da aula sozinha, porque ela ainda estava abalada. Depois que cantei o mantra, ela ponderou que tinha se assustado demais pelo fato de que o gato, que vivia com ela há 15 anos, e que nunca havia descuidado do parapeito, pudesse cair pela janela. Achava que era um sinal para prestar mais atenção em tudo o que considerava já conquistado. Eu comentei:
- Mas, Renata (é o nome da minha professora), ele sobreviveu e ficou lá embaixo te esperando.
Ela abriu um sorriso enorme.
- É verdade!
E era mesmo.
2 comentários:
rá!
vivíssimo, o cretino!
ah, os gatos...
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