quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

pousa-se toda maria

O novo sucesso musical do verão já está tocando em todas as rádios. Trata-se da nova música de Marisa Monte – Não é Proibido – que foi lançada junto com o DVD-documentário da turnê, por apenas 60 reais! A canção foi composta em parceria com dois outros consagrados artistas da MPB – Dadi e Seu Jorge – e tem tudo para ser um grande sucesso: alegria, ritmo contagiante e um “quê” descontraído. Apenas a letra, de lirismo complexo e forte simbolismo, pode dificultar a aproximação com o grande público.

Num serviço de utilidade pública, oferece-se aqui uma interpretação do texto de Não é Proibido:

NÃO É PROIBIDO
(Marisa Monte/Dadi/Seu Jorge)

Jujuba, bananada, pipoca,
Cocada, queijadinha, sorvete,
Chiclete, sundae de chocolate

[Os autores fazem uma metáfora da doçura da vida e de todas as coisas boas que não rimam, mas que grudam no dente]

Paçoca, mariola, quindim,
Frumelo, doce de abóbora com coco,
Bala juquinha, algodão doce, manjar

[Ainda usando o moderno recurso do verso branco, os autores agora transgridem também a métrica, no verso que soa como “docedeabobracomco”, insinuando que as coisas boas da vida não obedecem a regras]

Venha pra cá, venha comigo,
A hora é pra já, não é proibido,
Vou te contar, tá divertido,
Pode chegar

[Nestes versos, há uma referência clara à clássica canção de protesto, proibida nos anos 70, “Pra Não Dizer que Não Falei Das Flores”, que dizia “Vem, vamos embora (...)/ Quem sabe, faz a hora” e segreda que os tempos mudaram para melhor, pois diz que não é mais proibido e tá divertido.]

Uh, uh, uh
Vai ser nesse fim de semana,
Manda um e-mail para a Joana vir

Uh, uh, uh
Não precisa tocar bacana,
Fala para o Peixoto chegar aí

[Aqui considero a maior demonstração de virtuosismo lírico de toda a canção: os versos rimam entre si – “semana” com “Joana” e “bacana” – e as estrofes rimam também – “vir” com “aí”. É sublime. A referência ao e-mail atenta para a contemporaneidade do tema e da urgência dos encontros humanos, ainda que imperfeitos ("não precisa tocar bacana"). Quanto ao corinho “uh uh uh”, não tenho certeza, mas creio que é uma evocação de um Coro Grego, conclamando a todos para a grande celebração dionisíaca!]

Bis

[Repetem-se os versos da bananada e da jujuba, carregados de um novo sentido: além de evocar as alegrias da vida, estes doces remetem à infância e à inocência, onde o Bem e o Mal não existem. Com a palavra “Frumelo”, abre-se um portal do Éden, onde todos, inclusive Joana e Peixoto, celebram felizes a inexistência do pecado. Nada mais é proibido. Deslumbrante. ]

6 comentários:

Anônimo disse...

HAh haa h hahh ahahah a h ahagag agagaawawgwa ahwagawwwah "...Com a palavra “Frumelo”, abre-se um portal do Éden..."

Nara disse...

haha!

pousa-se toda maria na cabeça do freguês, como diria meu avô!

ethan edwards disse...

Como diziam aqueles jovens mineiros, antes de arranjarem um bom emprego público, "o artista deve ir aonde o povo está". O povo, minha senhora, no momento está na fila para receber bolsa-família, bolsa-ditadura, bolsa-quilombo, bolsa-étnica, etc. O que não falta é gente se agachando à procura de uma bolsa. E aí, ao ver tanta gente agachada, é inevitável que a Marisa monte...

st denis disse...

Putz, eu gostei de 'não é proibido', dominei rapidamente a complexidade lírica, já sei decor, canto e danço junto. Que mico. Mas gostei mesmo, me senti numa festa, numa brincadeira. Imagine sundae de chocolate liberado!!! É o máximo! lembra aquela canção das cestinhas, da Ella Fitzgerald? Também é duma complexidade lirica desconcertante ... Beijos beijos beijos

Anna Toledo disse...

Kusum, no dia em que eu te vir comendo sundae de chocolate, mando um e-mail para a Joana e para o Peixoto com as cifras de a-tisket-a-tasket. Nem precisa tocar bacana.

st denis disse...

Karácolis! O dia que eu souber, de fonte segura e experiência própria, que sundae de chocolate num vai ensandecer meu fígado revirar meu estômago aumentar minha cintura e turvar minha visão vou ADORAR! Não como jujuba nem bananada nem pipoca nem cocada nem quindim nem manjar nem chiclete nem sundae de chocolate'cause I can't!!!!!!!! SEMPRE tenho de escolher entre a delícia fugaz ou a dor de cabeça nem tanto. Mas seria uma delícia. Talvez por isso Não é Proibido tenha me soado uma ode à liberdade. Não ligue nem me goste menos. Eu te amo.