quarta-feira, 16 de maio de 2007

O mais escroto

...e tem a história do meu amigo Helinho:

Pois o Helinho estava em São Paulo, em temporada com seu espetaculo, e eu o convidei para ir me assistir num domingo. Como o teatro onde trabalho fica muito distante (só dá pra chegar de carro), Helinho precisou de um amigo para levá-lo. Como o amigo tinha uma namorada, Helinho entregou a ele o par de ingressos que eu lhe dera e resolveu pagar a própria entrada.

A caminho do teatro, Neusa, a namorada do amigo, dirigia. Chico, o amigo, ia no banco do passageiro e Helinho ia atrás. Na altura da Marginal, a situação foi ficando tensa. As pontes e as entradas surgiam do nada e qualquer desvio de rota era irreparável. Neusa olhava as placas com apreensão:

- "Para Interlagos, pista 4"... qual é a pista quatro?

Chico, num tom condescendente, apontou as pistas à frente:

- Um, dois, três, quatro.
- Porra, Chico - Neusa resmungou - Como você é escroto.
- Fala assim, não - Chico deu um peteleco no braço da namorada. Ela olhou para o lado para reclamar e perdeu a entrada da pista.
- Puta que pariu, Chico!
- Ah, não vem botar a culpa em mim, que você quis vir dirigindo.
- Caralho, Chico. Você é o cara mais escroto que eu conheço.

Enquanto brigavam e o carro adejava na Marginal Pinheiros, Helinho pensava em todas as brigas sérias a que tinha sobrevivido, e na ironia que seria morrer numa briga de casal - alheia. Na crueldade de morrer sem ter visto seu primeiro musical. E pensava também na incrível conjunção astral que unira Neusa ao cara mais escroto que ela conhecia.

"Se fosse em Tupã", pensava Helinho, "ou Piraí, ou outra cidade com 300 moradores, já seria um grande azar. Mas em São Paulo, com 20 milhões de habitantes... Ela foi namorar logo o cara mais escroto? "

Era muito azar.

2 comentários:

st denis disse...

Foto de entrada tudo a ver com o título, visual todo interessante e mais que tudo um jeito a mais de estar com vc. Beijos e carinho.

ethan edwards disse...

Deram informação errada pro seu amigo. O teatro é pertinho. Eu vou a pé, todos os dias; só tenho que atravessar a rua. Acho que esse tal de Helinho é que mora muito longe...