segunda-feira, 20 de outubro de 2008

talibã em santo andré

Eu nem sei o nome do garoto. Não preciso conhecê-lo melhor para desprezá-lo profundamente. Lamento a minha incapacidade de expressar de forma clara e eloqüente a revolta brutal que senti ao conhecer a história estúpida do menino que, depois de terminar com a namorada, mudou de idéia e quis voltar atrás; ela não aceitou. Ele então seqüestrou-a, junto com seus colegas de classe, torturou-a, comandou um circo na televisão (onde mais?), e, por fim, atirou em sua cabeça e em seu sexo.

Fala-se agora na incompetência policial, que não coordenou a contento as negociações do seqüestro, tampouco a operação de resgate dos reféns. Tudo verdade, mas eu não tenho nada a acrescentar a esta discussão, nem tenho uma indignação nova sobre isto. Meu estarrecimento é perceber num menino de vinte anos de Santo André, São Paulo, um machismo talibã, que o leva a se sentir no direito de dispor do sexo e da vida da sua parceira, bem como a se sentir um heroizinho, exibindo a camisa do clube de futebol (puxa, que surpresa) na televisão (nossa..!).

Muitos de nós já conhecemos o sentimento de paixão, descontrole e perda. Intuo, porém, que sentimento motriz desta tragédia foi mesmo a vaidade: o circo foi tomando proporções maiores, o espetáculo foi aumentando e, pelo jeito, exigiu um final mais grandioso.

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