quarta-feira, 1 de outubro de 2008

transcendências

Numa aula, ontem, falei sobre o poder transcedental da música - da arte, de um modo geral - usando como exemplo aquele brevíssimo momento em que o artista/a obra/a performance nos toca indelevevelmente e pronto. A percepção mudou. O curso foi alterado.

O artista busca a transcendência no seu ofício. Pequena que seja - diariamente, semanalmente - uma revelaçãozinha, um "oh!", um frescor na própria arte, na mensagem transmitida.

O público também espera do artista uma revelação, por contraditório que isto seja. Afinal, o público costuma resistir ao desconhecido, gosta das mesmas histórias, e isto se aplica à música, também: todo mundo prefere ouvir músicas que já conhece, por exemplo. Mas estou divagando.

Pois hoje tive a minha experiência transcendental, assistindo o pianista Leif Ove Andsnes, na Sala São Paulo. No programa, duas sonatas - Schubert e Beethoven - e a peça Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky. Tudo sem partitura, uma performance linda, viva. A música muito viva, urgente. Esta sensação da impermanência, do momento tão precioso da criação única, do privilégio de estar ali naquele momento.

...

E antes que eu me esqueça: Shaná Tová Umetuka.

4 comentários:

Denny Naka disse...

É mesmo, nós naturalmente tentamos "resistir" ao novo, digo isso por mim mesmo. Afinal, sempre assisto muitas vezes o mesmo filme, posso dar o exemplo da Noviça Rebelde que já vi mais de 15 vezes, ou se pegar um Indiana Jones que vi mais de 20. Talvez o trancendental é o que vem daquilo que não esperamos, e encanta de um jeito que queremos mais e mais...

Unknown disse...

Eu fui no recital de 2ª feira. Não gostei muito da peça do Beethoven, não. Sei lá, faltou alguma coisa.

Mas o 'Quadros em uma exposição'... Meu.Deus.do.céu. Foi liiiiiiiiiiindo!

Anna Toledo disse...

É, o 'Quadros...' também foi a peça que me impressionou mais! Mas olhe,na terça, a Sonata ao Luar foi muito emocionante, especialmente no ultimo movimento, em que ele acentuou as dinâmicas ao extremo e conseguiu fazer rubato mesmo num tempo vertiginoso. Eu nunca tinha visto aquela peça executada daquela maneira!

Unknown disse...

É mesmo? Puxa, perdi...

Talvez ele estivesse um pouco nervoso quando foi tocar a Sonata ao Luar na 2ª feira, porque a platéia não foi muito receptiva no começo, com a sonata do Schubert, apesar de ter sido muito bonita.

E tinha um maldito coro de tuberculosos que tossiam de 5 em 5 minutos... Mas enfim... acontece, né?


Concordo plenamente com seu post sobre transcendências. Ainda estou sentindo aquela alegria que fica depois de participar (mesmo como platéia) de algo realmente bom, pra não dizer único.

O Leif Ove Andsnes ganhou mais uma fã, com certeza.